Quando chega a hora de arrumar a mala, pegar a estrada ou embarcar em um avião, pais de “primeira viagem” nem sempre sentem-se seguros. Nesta entrevista, o pediatra Sergio Luiz Kniphoff explica várias questões relacionadas à saúde dos bebês e das crianças.
1 – A partir de que idade os pais já podem levar os bebês para viajar?
Toda viagem com criança deve ser bem planejada, desde seus motivos, assim como o tempo de viagem e o roteiro relacionado à idade da(s) criança(s). Desta forma, não existe idade ideal – mas deve-se estar atento, já que algumas companhias aéreas não permitem viagem de turismo com recém-nascidos menores de 7 dias de vida.
Se a viagem for de avião para um local distante do domicílio da família, seria interessante que ocorresse após o terceiro mês de vida da criança, quando já terá recebido a primeira etapa da vacinação (tuberculose, hepatite B, poliomielite, coqueluche, tétano, difteria, rotavírus e meningococo do tipo C).
2. Nas viagens de carro, de quanto em quanto tempo a família deve dar uma paradinha?
Sempre digo que deve-se ter hora para a saída, mas sem previsão da chegada. A viagem deverá obedecer as necessidades de cada criança, dependendo da faixa etária. Portanto, as paradas deverão ocorrer de acordo com cada criança. Por exemplo, viajar numa hora em que a criança está acostumada a dormir pode possibilitar trafegar por um percurso maior. Levar brinquedos que ocupem pouco espaço, para distração numa hora de “urgência”, pode ser extremamente útil – para não estimular os famosos “filmezinhos” do celular…
3. Alguma recomendação específica para viagens de avião?
Em primeiríssimo lugar providenciar sempre a documentação exigida para a viagem prevista. Ter sempre na bagagem de mão uma ou duas mudas de roupa; cobertinha, em virtude do ar-condicionado; algum analgésico; mamadeira e fralda, conforme a idade; e/ou brinquedos que possam “quebrar o galho” numa necessidade.
Quanto à alteração da pressão na cabine em virtude da altitude, é importante estar atento na decolagem e no pouso. A criança deve abrir e fechar a boca durante estas fases do voo, motivo pelo qual ela deve tomar algum líquido em mamadeira ou copo, ou usar o bico – se ainda tiver o costume. Sempre é útil ter à mão algum analgésico em caso de muito choro.
4. Na maioria das vezes, as primeiras viagens mais longas das crianças são para a praia. É necessário algum cuidado especial?
Nas viagens à praia deve-se ter muito cuidado com o sol, inicialmente. As crianças não devem ir à praia nos horários de pico do sol, principalmente nos estados e países do hemisfério sul. A roupa também é importante: usar bermudão abaixo do joelho, camisa de lycra com proteção solar e chapéu de aba. Atenção: criança não precisa de “marquinha de sol”.
A proteção solar para estes horários pode ser FPS 20 ou 30, não necessitando bloqueadores solares. Deve-se ter água sempre à mão para oferecer com frequência.
Quanto ao banho de mar, os pais devem estabelecer o limite de segurança para entrar com a criança.
Recomendo, sempre que possível, que casais com filhos muito pequenos tirem férias na praia junto com avós ou outros familiares, para que o casal possa também descansar um pouco, dividindo o cuidado da criança.
5. Bebês com menos de seis meses não podem usar nem protetor solar, nem repelente, certo? Como os pais podem proteger os pequenos?
Por essa razão a viagem à praia nesta idade torna-se muitas vezes um problema, acabando com a expectativa de descanso. Nesta idade os bebês não devem ir para a beira do mar, a não ser cedo da manhã ou ao entardecer, desde que não tenha muito vento. Daí a necessidade de estar partilhando o cuidado com algum familiar, permitindo uma hora para o casal dar uma caminhada ou mesmo outra saída (curta, evidentemente).
6. Na hora de arrumar as malas para a viagem, os pais costumam se preocupar em levar uma “farmacinha básica” para o passeio. Quais seriam os itens imprescindíveis?
Sempre é importante ligar para o (a) seu (sua) pediatra para saber o que levar e quais as orientações por ele (a) recomendadas. Entretanto, sempre é útil ter um analgésico, um antiemético, um frasco pequeno de soro fisiológico (para lavar olhos ou narinas), lenços umedecidos. Além de medicamentos, é importante ter algum alimento extra compatível com a idade da criança não apenas para viagem (não confiar na comida de avião), mas também para o tempo de estadia.
Deve-se ter cuidado com a cadeirinha adequada para a idade da criança tanto na viagem de carro como na de avião. Há possibilidade de avisar a companhia aérea que se está viajando com crianças para que seja disponibilizada uma poltrona com mais espaço (as dianteiras por exemplo). Algumas companhias, com um adicional de 10% da tarifa, disponibilizam um assento para a criança, mesmo pequenas, podendo acoplar uma cadeira de transporte.
Sempre que possível levar (despachar) um carrinho para ajudar durante a estadia ou mesmo um dispositivo tipo canguru ou sling, que podem facilitar o transporte de crianças de colo, deixando as mãos dos pais livres.
O pediatra Sergio Luiz Kniphoff atende em Lajeado. O consultório está localizado na Avenida Benjamin Constant, 1025, sala 107, Centro. O telefone de contato é o (51) 3710-2733.