Indispensável em viagem com criança, seja para a praia, campo ou cidade, o uso do repelente costuma gerar muitas dúvidas. E na temporada de férias de verão o cuidado deve ser redobrado, já que o período de calor e chuvas é favorável à proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor de dengue, zika e chikungunya.
Para esclarecer o tema, entrevistamos o pediatra Gerick de Assunção Fenalte, que tem consultório nas cidades de Lajeado e Arroio do Meio.
Repelentes só podem ser usados em bebês com pelo menos 6 meses. Não existem estudos suficientes para garantir a segurança do uso antes dessa idade. Procure na embalagem a orientação do fabricante, leia todo o rótulo do produto antes de aplica-lo e guarde para consulta (pode ser necessário em casos de alergia). O ideal é que você busque a orientação do pediatra do seu filho.
Quando o repelente não é indicado, você pode buscar outras alternativas, como o uso de roupas com as mangas longas e calças compridas. Roupas finas não impedem as picadas, então prefira tecidos de trama mais fechada e mais grossos. Evite roupas escuras, que atraem mais insetos, assim como roupas que ficam muito coladas ao corpo (permitem a picada). Também evite usar perfume nas crianças, pois esse cheiro pode atrair alguns insetos.
Em crianças, ou mesmo adultos, o repelente não deve ser usado por períodos prolongados ou durante o sono. Não deixe que a criança durma com o repelente no corpo. Apesar de seguro se usado corretamente, o repelente é uma substância química e pode causar reações alérgicas ou intoxicações quando utilizado em excesso.
Esses produtos formam uma camada sobre a pele, exalando um cheiro que afasta os insetos. Sua eficácia depende de uma série de fatores: a concentração da substância ativa, substâncias eliminadas pela própria pele de cada indivíduo e umidade. Um repelente não protege todas as pessoas de maneira igual. Estudos apontam que sua eficácia é menor em meninas e mulheres.
Nesta faixa etária, os pais devem optar por aqueles que têm o “IR3535” como substância ativa. Ele protege por aproximadamente 4 horas. Em concentrações de 20% é eficaz, mas os estudos divergem quanto ao período de ação contra o Aedes aegypti, que parece ser muito curto. Também temos o repelente à base de Icaridina em gel, que é um derivado da pimenta e foi recentemente liberado para uso a partir dos 6 meses no Brasil.
Neste caso, recomendo aqueles que contêm DEET como princípio ativo. O DEET é um repelente altamente eficaz, usado desde a década de 1950. Quanto maior a concentração da substância, mais longa é a duração da proteção. Existem diversas marcas comerciais no Brasil. Mas atenção: não devem ser usadas concentrações maiores de 30% a 50%. Se você optar por um produto nacional, é bem provável que fique nesse percentual. A maioria dos repelentes disponíveis no Brasil possui menos de 10% de DEET. Leia o rótulo do produto para escolher aquele que melhor atende a sua necessidade. Uma formulação com 5% de DEET garante proteção por cerca de 90 minutos, com 7% a proteção sobe para quase 2 horas e com 20% chega a 5 horas.
Também podem ser usados repelentes à base de Icaridina. A Icaridina é utilizada na Europa há mais de 10 anos. Em concentrações de 10%, confere proteção por 3 a 5 horas e, a 20%, de 8 a 10 horas. Esta é uma substância derivada da pimenta e permite aplicações mais espaçadas que os repelentes à base de DEET, com eficácia semelhante. Há relatos de que seja mais potente contra o Aedes aegypti, quando comparado com o DEET e o IR3535.
A loção é mais segura do que o spray. O uso do spray pode ocasionar problemas respiratórios se houver inalação.
Estes óleos apresentam uma eficácia razoável. Como evaporam muito rápido, garantem proteção por um período menor, quando comparado a outros tipos de repelente.
Esses óleos naturais podem causar reações alérgicas e devem ser usados com cautela. O mesmo acontece com pulseiras de citronela, que além da baixa eficácia, há registros de casos de alergia no local do contato com a pele. Então, o ideal é que, antes de começar a usar qualquer tipo de repelente, você converse com o pediatra da criança.
Não aplique os dois juntos, pois há uma redução no efeito do protetor solar. A orientação é que primeiro você passe o protetor solar e, somente de 20 a 40 minutos depois, aplique o repelente.
Jamais aplique o produto na mão da criança para que ela mesma espalhe no corpo, pois ela pode esfregar os olhos ou colocar a mão na boca. Não aplique no rosto, próximo da boca, nariz, olhos ou sobre machucados na pele. Siga as orientações do fabricante, guardando a bula ou embalagem para consulta, em caso de ingestão ou efeitos adversos. Também respeite a quantidade e intervalo de aplicação recomendados no rótulo do produto. Em lugares muito quentes, com temperatura acima de 30 graus, ou no caso de crianças que suam muito, são recomendadas reaplicações mais frequentes. Quando não for mais necessário o repelente, dê um banho na criança e retire com água e sabonete. Sempre procure orientação do pediatra de seu filho e ele lhe indicará o repelente ideal para a sua necessidade.
Perguntas respondidas com base no artigo “Picadas de Inseto Prurigo Estrófulo ou Urticária Papular” do site da Sociedade Brasileira de Pediatria.
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