O que dizer de Machu Picchu? É nada mais nada menos que uma das 7 Maravilhas do Mundo Moderno. Conhecido como “a cidade perdida dos incas”, é um lugar tão lindo quanto misterioso. Nesta viagem ao Peru, em agosto de 2014, não levamos a Sara – lá no final do post a gente explica os nossos motivos.
Primeira dica para quem vai por conta (fora de um pacote turístico) para Machu Picchu: programe-se com antecedência. Trata-se de uma área particular, onde o acesso é limitado a duas mil pessoas por dia. Os ingressos esgotam-se, geralmente, um mês antes da data prevista para a entrada.
Fizemos o trajeto São Paulo – Lima – Cusco – Águas Calientes – Machu Picchu – Cusco. E de Cusco fomos para a Bolívia, dando mais uma viajada para conhecer o interior do país e o Lago Titicaca. Mas isso já é assunto para outra postagem.
Para quem for fazer esse roteiro, aqui vai uma dica valiosa: passe no mínimo 24 horas em Cusco antes de ir para Águas Calientes, a fim de aclimatar-se. Só para você ter uma ideia, no Rio Grande do Sul o ponto mais alto fica a 1,4 mil metros acima do nível do mar. Em Cusco, são 3,4 mil metros. Quanto maior a altitude, mais rarefeito é o ar.
Há quem sinta muito a redução de oxigênio e quem não sinta absolutamente nada. E não é uma questão de preparo físico. Cada organismo reage de uma maneira mesmo. E podemos falar por experiência própria! Falta de ar, batimentos cardíacos acelerados, cansaço e dor de cabeça são alguns dos sintomas do chamado “mal de altura”, também conhecido como “soroche”. Para prevenir ou aliviar, tome chá de coca ou mastigue a própria folha da planta.
Lima-Cusco-Águas Calientes
Chegando no Peru, nossa primeira parada foi em Lima, onde ficamos dois dias. De lá pegamos um avião para Cusco.
Depois, fomos de trem de Cusco para Águas Calientes – cidade-base para quem vai a Machu Picchu. Os trens têm níveis diferentes de conforto, mas todos são ótimos. Foram quatro horas por uma ferrovia que serpenteia rios e montanhas. O trem tem teto transparente, garantindo uma linda vista dos picos nevados ao longo do caminho.
Duas empresas vendem os tickets – a Perurail, com a qual viajamos – e a Incarail.
Dá também para fazer este trajeto a pé pela famosa Trilha Inca. São mais de 40 quilômetros de caminhada em meio à mata e sítios arqueológicos. Leva-se, em média, quatro dias. É preciso guia, e o percurso termina diretamente em Machu Picchu.
Águas Calientes é pequena, bonita e especial: está ao pé de montanhas tomadas pela floresta amazônica peruana. Para chegar lá, geralmente só caminhando ou de trem.
É uma cidadezinha onde praticamente tudo se faz a pé. Ônibus, só para a subida até o sítio arqueológico de Machu Picchu. Não deixe de sentar em um restaurante de frente para a praça – que tem cara de cidade cenográfica – e provar alguma delícia da culinária local. Também dedique algumas horas para conhecer o centro de artesanato e o mercado público.
Não espere muito das hospedagens por lá. Nosso hotelzinho foi uma decepção, apesar da boa avaliação em sites de reservas. O único ponto positivo mesmo foi a localização (na rua de onde partem os ônibus para Machu Picchu). Com uma janela voltada para o corredor do edifício (sim, com a luz do corredor acesa a noite inteira…) demoramos a dormir – ainda mais ansiosos pela subida do dia seguinte.
Acordamos às 3h para tomar café da manhã e fomos para o terraço, na “cozinha” – que não tinha luz. Comemos quase no escuro e fomos para a fila, para o deslocamento até Machu Picchu. Nessa foto abaixo, dá para ver parte dela às 4h!
Mas calma. Nem todo mundo precisa acordar tãão cedo para ir a Machu Picchu. Nós queríamos ver o nascer do sol já dentro do sítio (que abre às 6h). Mas a galera vai e vem a Machu Picchu durante o dia inteiro.
As filas impressionam. Para conseguir entrar em um dos micro-ônibus (detalhe: todos da Marcopolo, de Caxias do Sul) levamos mais de hora. Custa cerca de 14 dólares e, de preferência, compre a passagem no dia anterior. A subida leva 20 minutos e você é deixado no portão do sítio. Para acessar o parque, outra fila. Carimbamos nossos passaportes com a marca do território inca e ingressamos em um dos pontos turísticos mais incríveis do planeta.
Machu Picchu, que em quéchua significa “Velha Montanha”, é um complexo de templos, casas e terraços irrigados com mais ou menos 40 hectares. Foi descoberto pelo explorador americano Hiram Binghan em 1911, depois de este ser levado até lá por um menino de 10 anos. É o maior sítio arqueológico da América do Sul.
Sem muita orientação, atravessamos praticamente correndo Machu Picchu para chegar no portão de acesso à Huaynapicchu às 7h (aquela montanha mais alta que você vê ao fundo das imagens mais famosas da cidadela). Se for fazer esta subida, relaxe. Leva uns 20 minutos, no máximo, a caminhada de um portão a outro, e não tem como se perder. Aproveite e olhe à direita para uma das mais fantásticas vistas que você terá oportunidade de ver em sua vida. Como não sabíamos, “voamos” entre pedras e lhamas para chegar do outro lado – como você pode ver neste vídeo. Se soubéssemos, teríamos curtido mais o início do passeio.
Machu Picchu é grandiosa, enigmática e cheia de energia. Afaste-se um pouco dos turistas e fique algum tempo contemplando o lugar em silêncio. Sinta no ar o que o cerca. Olhe, admire. É uma experiência única. Nós ainda demos sorte de acompanhar o nascimento de uma lhama!
Junto com um grupo de turistas contratamos um guia local. Gastamos uns R$ 15 por pessoa. Sem as explicações de um guia, aquele conjunto de ruínas não faz muito sentido. As informações são interessantíssimas e deixam você ainda mais impressionado. Como não ficar né? Olha só este visual!
– O ingresso para acesso a Machu Picchu não é vendido na entrada do parque. Compre antecipadamente pela internet ou tente consegui-lo em Cusco ou em Águas Calientes. Logo abaixo explicamos como você faz para comprar os ingressos pela internet.
– Leve água (pelo menos dois litros por pessoa). É possível comprar bebida e algo para comer na entrada do sítio de Machu Picchu (do lado de fora do parque), mas os preços são absurdamente altos. A gente sugere levar seu próprio lanche. Mas atenção: não é permitido comer lá dentro.
– Proteja-se do sol implacável e leve chapéu ou boné, pois são poucos os lugares onde se abrigar em meio às ruínas.
– Contrate um dos guias que amontoam-se na entrada do parque (a experiência com e sem guia é infinitamente diferente). Você pode olhar as pedras, apenas. Mas pode saber, com um guia, o significado e os detalhes delas. Vale muito a pena e não é caro!
– Organize sua saída. Se você tem que sair de Águas Calientes no mesmo dia que fizer o passeio a Machu Picchu, saia com pelo menos duas horas e meia de antecedência do parque. Você corre o risco de pegar filas gigantescas também para a descida que o levará de volta à cidade-base.
Para quem gosta de um pouco mais de emoção e quer encarar uma subida à montanha Huaynapicchu – o acesso é ainda mais restrito do que a Machu Picchu: somente 400 pessoas por dia (200 em cada “turma”). Há quem consiga comprar o ingresso com um mês de antecedência, mas já vimos pessoas tentarem dois meses antes e não haver mais entrada disponível.
Compramos o ingresso pelo site oficial. Vale lembrar que o site só aceita cartão da bandeira Visa. São três opções: Machu Picchu; Machu Picchu + Montaña e Machu Picchu + Huaynapicchu.
O primeiro dá acesso somente à cidadela. Já o acesso à Montaña é bem complicado. Mais cansativa do que a subida para Huaynapicchu, a subida é mais íngreme e leva mais de duas horas. Dizem que é ótima para quem quer perder o medo de altura. Já viu, né?
Nós encaramos Huaynapicchu: uma hora e meia de subida um pouco complicada e com pouca segurança – e uma hora e meia de descida ainda mais complicada. Dá para ir sem “treinamento”, mas para pessoas com dificuldade de locomoção, problemas cardíacos ou obesos a situação pode ficar crítica. Nestes casos, melhor não arriscar.
A caminhada começa tranquila e de seu início já dá para perceber que as vistas serão sensacionais. Você anda em uma trilha relativamente larga, ladeada de mata. Só que, com o passar do tempo, esta trilha torna-se estreita, com um paredão de um lado e de outro um penhasco. A atenção é permanente, uma vez que na maior parte do trecho não há proteção. Em alguns outros há cabos de aço para que você se agarre, evitando uma queda de mais de dois mil metros de altura…
Em geral as pessoas sobem até o cume e descem por outra trilha – vimos pouca gente retornando pela “contramão”. Há lugares em que cruzar por outra pessoa, no sentido contrário, gera risco de vida. Então…
Chegar ao topo é uma vitória. A vista da cadeia de montanhas é incrível. Você se sente minúsculo em meio à grandiosidade do universo. Uma sensação inesquecível!
A descida é outra história. Enquanto na subida você vai mirando a montanha, na descida a vista é para o penhasco. Há quem trave. Há quem desça sentado os degraus de pedra desgastados pela ação do tempo. Em alguns lugares, escorregar ou descer desatento pode fazer a diferença entre a vida e a morte.
Descemos e sobrevivemos. E guardamos mais uma história para contar.
– Você não sabe como seu corpo vai reagir à altitude até chegar lá. E aqui temos dois possíveis problemas: seu filho pode ficar incomodado com o mal de altura e, sem entender muito bem, irá se estressar e ninguém curtirá o passeio; ou você pode passar mal e não ter condições de dar colo ou ajudar a criança.
– Esse é um roteiro que exige muitas caminhadas. Em Cusco, especialmente, com muitas subidas.
– Em diferentes momentos da viagem nos deparamos com longas filas.
– Dentro do parque de Machu Picchu não tem venda de bebida e comida e banheiro. Somente do lado de fora. Além disso, como já falamos, são poucos os locais com abrigo do sol.
– Sem contar a subida Huaynapicchu, que é inviável com criança.
Bom, o nosso roteiro foi mais aventureiro. Mas tem gente que sai de Águas Calientes para Machu Picchu durante o dia, chega lá, faz a foto tradicional e vai embora.
Com a programação que desejávamos fazer, o jeito foi ficar oito dias longe da pequena, que na época tinha 3 anos de idade e ficou com os avós. Morremos de saudade, claro. Mas umas aventuras a dois também são maravilhosas, né?